Coll Halt Pas

Coll Halt Pas

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

PGTA 8 DIAS Relato resumido da festa do Trail no Peneda- Geres!

PGTA 8 DIAS
Relato resumido da festa do Trail no Peneda- Geres!


1ª etapa, Arcos/Arcos

Gostaria de começar por agradecer ao Carlos Sá o excelente desenho das várias etapas, ao excelente percurso, às maravilhosas paisagens que admiramos, às marcações quase irrepreensíveis,,ao alojamento, aos trilhos. Tão depressa estávamos num trilho duríssimo, como de repente encontravamo-nos numa planície suave e encantadora. Perante tudo isto, Carlos Sá muito obrigado pelo evento único em Portugal!

O evento de 2015 foi marcado pelo mau tempo. A chuva não nos abandonou quase nos 8 dias. Por vezes choveu com tal intensidade que a travessia dos vários rios se tornava demasiado perigosa.

Este ano, contrariamente, o tempo foi sensacional. Não foram dias de Primavera mas sim de Verão. Claro que perante tamanha dádiva dos deuses, pudemos apreciar a verdadeira e única maravilha de Portugal que dá pelo nome de Parque Nacional da Peneda Geres e eu, em particular, porque em algumas etapas servi para "empurrar" os últimos: Fui "vassoura"...


Arcos de Valdevez
No dia 24 começou e acabou na linda Vila dos Arcos de Valdevez a 1º etapa. 42 Km percorrendo vários tipos de flora e fauna, árvores de porte, arbustos, e ausência de uma e outra coisa. Em seu lugar muito granito. Linhas de água magníficas, culminando com a travessia do rio Vez a cerca de 5 Km da linha de meta. Fui de "vassoura" (sozinho), retirando as marcações e acompanhando um casal Holandês (Rien de Wilde, que eram os últimos; este casal tinha duas filhas a competir também nos 5 dias e seguiam bem à frente).

 Apesar da dureza da tarefa foi muito agradável este acompanhamento, porque num "português/espanhol/francês/inglês (tudo misturado) fomos comunicando. Quando não nos entendíamos, recorríamos à mímica.... E assim se passaram 08h45.





Casal de Wilde
No dia seguinte após uma noite repousante no Hotel dos Arcos e um pequeno almoço 5*, o autocarro levou-nos atá à Aldeia de Sistelo. Uma Aldeia com uma beleza fora do normal, talvez uma das Aldeias mais bonitas de Portugal. Situada entre Arcos de Valdevez e Branda da Aveleira, tendo ao seu redor socalcos verdejantes, qual obra de arte!


Os "Vassouras" com Sistelo ao fundo

A 2ª etapa teve aqui início com destino a Melgaço. Uma Vila fronteiriça com a vizinha Espanha. E se a partida era de uma beleza estonteante, a chegada com a passagem ao longo do internacional Rio Minho e subida passando pelo Castelo de Melgaço, não o era menos...!

2ª etapaSistelo/Melgaço
Desta vez como vassoura tive a agradável companhia do Mauro e da Daya, aluna do IPVC de Melgaço que gentilmente cedeu à organização 9 dos seu alunos. Com uma subida inicial e continua de 12km, notou-se a dificuldade de ser vencida pelos Atletas da "cauda", mas ainda deu para telefonar à minha filha Célia Sampaio que fazia 42 anos nesse dia... os restantes km's, foram calmos, com direito a passagem pelo interior de uma quinta de Alvarinho.
Desta vez foram 08h52...

Foi num dos hotéis da Vila e na Pousada da Juventude que passamos a noite.




3ª etapa Peneda/Castro Laboreiro
Na 3ª feira dia 26, os autocarros levaram-nos até ao Santuário da Sra. da Peneda. Uma construção majestosa datada do final do século XIX (1880 e tal). Este Santuário situa-se no sopé  de um megalómano  bloco de granito. Assustador! Um Atleta da Costa Rica estava aterrorizado. Perguntou se não haveria possibilidade de haver um tremor de terra...  Enquanto esperavamos pela partida, reparei que esse Atleta se benzeu mais de 50 vezes!!!!.....

Início da 3ª etapa. Parti com "os da frente", uma vez que não era eu o "vassoura".30 Km começando a subir quase até Lamas de Mouro local do 1º abastecimento. Aí começa uma nova subida bem difícil. Avisto o companheiro Gerson Silveira, amigo Brasileiro que noto não se encontrar nas melhores condições físicas. Chego junto dele e confirmo que vai com bastante dificuldade, pelo que já não o deixei sozinho até à meta.

Castro Laboreiro fim 3ª etapa
Dei-lhe apoio psicológico contínuo. Parou mais de 10 vezes para vomitar...Entretanto, lá fomos até ao abastecimento seguinte, ao km 22.

Bico do Patelo
A subida do Bico do Patelo foi demasiado dolorosa para o amigo Gerson. Ele continuava desidratado, nada aguentava no estômago e a subida era duríssima! Mesmo assim, lá continuamos, entrando na meta de mãos dadas com uma Atleta Americana. 04h22.

Como não havia alojamento para todos os Atletas no mesmo hotel, metade ficaram em Castro Laboreiro, a outra metade rumou  para a Peneda.



4ª etapa Peneda /Lindoso
A 4ª etapa começou também na Peneda e tal como na anterior não fui "vassoura", fui correr. 29 km com trilhos muito técnicos e bem "puxadinhos"...

O início desta etapa é feito percorrendo  uma quantidade enorme de degraus que o recinto do Santuário possui. Desembocamos nuns trilhos quase planos, cruzando a estrada asfaltada alternadamente, até seguirmos por alcatrão durante cerca de 3 Km numa subida constante bem inclinada. No alto encontrava-se o 1º abastecimento, iniciando-se aí uma descida de cerca de 12 km até ao 2º abastecimento situado na Aldeia do Suajo, conhecida como Aldeia dos Espigueiros (ou canastros).

Rio Lima a jusante da barragem
Mais 1 km de descida por trilhos técnicos lindíssimos, inicia-se a seguir um duríssimo trilho, também técnico, que nos leva até à descida de acesso à barragem do Lindoso.

A sua utilidade é a produção de energia eléctrica, sendo o maior e mais potente produtor hidroeléctrico em Portugal. É uma das mais altas construções do País.

Espigueiros do Alto Lindoso
Do outro lado da barragem de acesso ao Castelo de Lindoso, inicia-se um trilho que mais parece uma escalada... Curto, mas muito duro!
E eis que, ao fim dos 29 km, desembocamos num planalto onde para além do Castelo, encontramos mais de uma dezena de Espigueiros. Paisagem espectacular! 04h35.



Após mais uma refeição, os autocarros levam-nos até à cidade de Montalegre, Cidade Transmontana, pequena com seu Castelo, mas muito bonita. 

Barragem do Alto Rabagão
Como o hotel da cidade não tinha capacidade para albergar toda a comitiva, alguns foram alojados perto da cidade em casas de turismo rural. Se o hotel (4***) era bom, as casas também o eram! No dia seguinte, início da 5ª etapa (última para os atletas que apenas faziam 5 ), entre Montalegre e Pitões da Júnia.

25 km de bastante dureza. Etapa com um sobe e desce constante, chegando a atingir os 1300 metros de altitude. Mas a beleza da Aldeia de chegada, Pitões da Júnia, depressa fez esquecer as dificuldades encontradas.

Beatriz Vilaça
Nesta etapa, voltei a fazer de "vassoura", na companhia de uma outra aluna do IPVC. Beatriz Vilaça.

À nossa espera encontrava-se um verdadeiro banquete. A Sra. Presidente da Junta, esmerou-se com a quantidade e qualidade da alimentação oferecida. Posso dizer que com 69 anos de idade ainda não tinha comido um presunto tão bom!!!


Pitões da Júnia
De regresso em autocarro a Montalegre, após o jantar foram distribuídos os prémios aos vários vencedores: Individual masculino e feminino, e equipas mistas e não mistas.

Foi um momento de festa, onde para além da alegria estampada em cada rosto, notava-se já um pouco de nostalgia naqueles que ali terminavam  a sua prestação. Os comentários eram unânimes elogiando percursos e organização. Houve até sugestão e apelo da parte de um Atleta para que o Carlos Sá faça na próxima edição uma nova distância de 16 dias...

Medalhas de Finisher
Também houve outros Atletas que se ofereceram para no dia seguinte me fazerem companhia na recolha de fitas de sinalização. Foram eles o casal da Ilha da Reunião, Michael e Laureda Carraz e uma amiga da mesma nacionalidade que não recordo o nome.

Na 6ª Feira de manhã os autocarros levaram-nos até Lapela, aldeia "encravada" no meio das montanhas de Trás-Os-Montes, local de início da 6ª etapa. Lapela / Gerês.

Michael e Laureda "vassouras,
Tamura Miyuki Atleta Japonesa 
Lá estavam presentes os voluntários da Ilha de Reunião que se tinham oferecido no dia anterior, a acompanhar-me. Para não destoar das etapas anteriores, esta foi também uma etapa dura. Sobe desce, sobe desce, sobe desce um verdadeiro carrossel...! 

A travessia do rio Cabril é de uma beleza e dureza fantástica! Foi a 100 metros de distância desta passagem (Poço do Inferno) que foi encontrado no princípio do ano o corpo do montanheiro que o rio levou.

Rio Cabril
Prosseguindo os trilhos, vamos encontrar a Aldeia de Cabril, local onde havia um abastecimento da responsabilidade da Aldeia. Tal como em Pitões da Júnia, havia um autentico banquete à nossa espera. Desde uma sopa caseira que era só feijão, hortaliça, muita carne (...), até chanfana de cabrito, chouriço caseiro, presunto, chocolates queijos doces, etc. Só apetecia "abancar" e  desfrutar dessas delícias caseiras. Foi o que fizemos...

Laureda Carraz, "Vassoura"...
O pior foi depois com o estômago "muito" bem aconchegado...! Foi bem difícil fazer o percurso até Fafião, local de mais um abastecimento a 6 km do final. O "peso corporal aumentado" aliado a um dedo do pé que teimava em perder uma unha, levou a que os meus convidados vassouras seguissem sozinhos, seguindo eu de carro até à meta situada na Vila do Gerês, Foram 38 km (32 para mim), muito duros!



Chegou entretanto a 7ª etapa, etapa rainha. Uma ultra de 53 km! Eram 07h05 quando Carlos Sá deu a partida. Apesar da teimosia do meu dedo do pé, lá fui mas desta vez para correr. Foi uma etapa que para além de longa, tinha um D+ acima dos 3000 metros, com corte aos 30km. Lá passei cerca de 01h30 antes do corte.

Passagem por locais paradisíacos, trilhos muito duros e muitos, com inclinações na ordem dos 35%, travessias de rios que tinham tanto de belo como de dificuldade.
Aos 40 km, chegamos à subida da Calcedónia! Foi sofrer por ali acima cerca de 3 km... parece que o cume cada vez estava mais distante...

Foi de facto uma etapa inesquecível! E quando tudo "apontava" para uma descida até à meta, eis que surge a última subida e  o último abastecimento que nem sequer parei. A partir dali, sim foi uma descida de 5 km terríveis muito técnica até à meta. Foram 11h00 de pura beleza, diversão e sofrimento!...



O dia 1 de Maio chega radioso (assim como todos os outros dias), cheio de Sol temperatura talvez um pouco baixa aquela hora da manhã. Os Atletas concentram-se para a última etapa. É a 8ª ao 8º dia, É a mais curta (15km), é a a etapa da consagração, é a etapa da Festa. Ao bater das 9h, eis que o pelotão arranca Vila do Gerês abaixo em direcção a á Pedra Bela, um lindo miradouro no meio do PNPG.


8ª etapa, Gerez/Gerez
E eu com mais 3 alunos do IPVC e o sobrinho do Carlos Sá, partimos na cauda, éramos  os últimos "vassouras" do PTGA.

1km após a partida, começamos a subir e que subida!!! uma descida precedida de uma outra subida, eis que a seguir descemos até à meta situada 6 km's abaixo.

Fabuloso este evento! Em Setembro temos mais uma festa do Trail em Portugal que é o PGTSA (Grande Trail da Serra d'Arga), seguido em Outubro do Campeonato Mundial de Trail a disputar no PNPG!

Até lá, para todos os amigos com quem partilhei estes 8 dias e todos os outros meus amigos, aquele abraço!





























Rio Cávado
Quim Sampaio - Ultratrailer
 Publicado em 07/05/2016
               


Sem comentários:

Enviar um comentário